
Apesar de tudo em Portugal não se exerce a lei da rolha.
Ainda ninguém nos manda calar.
Falar de Pedro Barroso é falar do último dos nossos trovadores.
Os poemas, as músicas e o modo como ele os canta transportam-nos para momentos que nunca se podem esquecer.
O Pedro faz parte dos cantores que saíram daquela fantástica fábrica de cantores que deu pelo nome de Zip Zip .
Foram tantas as vezes que tentei comprar os cds do Pedro mas nunca os encontrava. Injustiças!
Hoje, por artes mágicas, penso que consegui a sua discografia quase completa.
Em Agosto de 2004, nas festas da Bênção do Gado em Riachos, terra do seu pai e que ele considera como sua, tive oportunidade de assistir a um concerto que ele deu e fiquei com a certeza de que quanto mais se ouve mais se gosta.
É um grande prazer ouvir Pedro Barroso!
Companheira
Deixei pousar minha boca em tua fronte
toquei-te a pele como se fosses harpa
escorreguei em teu ventre como o vento
e atravessei-te em mim como se fosse farpa
Deixei crescer uma vontade devagar
deixei crescer no peito um infinito
morri da morte lenta do desejo
e em cada beijo abafei um grito
Quando desfolho o livro velho da memória
sinto que o tempo passado à tua beira
é um espaço bom que há na minha história
e foi bonito ter dito companheira
Inventei mil paisagens no teu peito
rebentei de loucura e fantasia
quando me olhavas devagar com esse jeito
e eu descobri tanta coisa que não via
Havia em ti uma forma grande de incerteza
que conseguias converter em alegria
havia em ti um mar salgado de beleza
que me faz sentir saudades em cada dia