domingo, 7 de outubro de 2007

A vida... A morte

"Espero que a vida também! É inútil lutar contra a morte tal como é inútil lutar contra a vida.
É inútil porque a morte é uma puta - desculpem o palavrão mas é a única palavra que encontro. Quando o meu pai morreu, o padre que foi rezar a missa disse que detestava aquilo porque nós não fomos feitos para a morte. De facto não fomos... Há pessoas de quem gostávamos e que já não podemos tocar e ver e cuja morte foi tão injusta.
Ainda no sábado fui a enterrar um camarada da guerra que morreu num acidente de automóvel. Foi muito comovente ver aqueles homens duros, que fizeram a guerra, a chorar como crianças. Eu chorei também, gostava muito dele e agora quando nos reunirmos ele não vai lá estar.
E não faz sentido que o Zé não esteja.
Eu tenho que viver pelo meu pai, pelo Cardoso Pires, pelo Melo Antunes, estão dentro de mim até eu acabar.
António Lobo Antunes ao DN.

1 comentário:

Guidinha Pinto disse...

Como o compreendo. Lobo Antunes desceu à terra, depois de pessoalmente passar por uma experiência tremendamente humana - adoecer de uma grave patologia e sobreviver...
Passei por aqui, gostei do que li e resolvi virtualmente cumprimentá-la.
Também gosto do Murcon ;-), ouço-o na Antena 1, todos os dias de manhã.
Cumprimentos