Se ficasses para sempre
Nos olhos que em ti medi
Naquele balouçar de vestal e puta eternamente
Nos olhos que em ti medi
Naquele balouçar de vestal e puta eternamente
Serias o sonho prolongado
Que não há
Mas os anos amiga
Os anos que passaram
Fizeram de borracha a tua pele
E o desespero das rugas
Enfeitou o teu rosto
Num rasgo de ti mesma
E desdobras-te em cascatas de gestos
Em busca do que foste
Sem saber
Há qualquer coisa de injusto em tudo isso
Porque os meus olhos são da mesma idade
E o tempo
Esse carrasco lento
Fez de nós uma referência
Uma memória esconsa do que fomos
E hoje são talvez as tuas filhas
Quem desdobrou de ti o alçamento
A graça de garça
E o altar de espanto
Mas tu amiga
Aqueles teus seios de mármore
Que eu mordi de amante
Esses roubaram-mos de inveja
O tempo e a lonjura
Por isso recuso ver-te hoje
Sem ser nessa memória
Dizem que é assim
Isto de viver
Mas há tudo de cru, injusto e triste
Nessa amargura
Porque a beleza extrema
Nunca houvera de morrer
E tudo que me estrago a mim
Não magoa
Que eu nunca contei muito
Para o belo que me deste
Sempre vou ser isto
Mais coisa menos coisa
Cada vez mais velho e mais agreste
Mas tu
Tu tinhas direito à eternidade
O teu rosto o teu corpo as tuas mãos
Moram para mim ainda e sempre
Na ideia em que te guardo
Há qualquer coisa de injusto em tudo isto
Porque os meus olhos são da mesma idade.
(Pedro Barroso)
Que não há
Mas os anos amiga
Os anos que passaram
Fizeram de borracha a tua pele
E o desespero das rugas
Enfeitou o teu rosto
Num rasgo de ti mesma
E desdobras-te em cascatas de gestos
Em busca do que foste
Sem saber
Há qualquer coisa de injusto em tudo isso
Porque os meus olhos são da mesma idade
E o tempo
Esse carrasco lento
Fez de nós uma referência
Uma memória esconsa do que fomos
E hoje são talvez as tuas filhas
Quem desdobrou de ti o alçamento
A graça de garça
E o altar de espanto
Mas tu amiga
Aqueles teus seios de mármore
Que eu mordi de amante
Esses roubaram-mos de inveja
O tempo e a lonjura
Por isso recuso ver-te hoje
Sem ser nessa memória
Dizem que é assim
Isto de viver
Mas há tudo de cru, injusto e triste
Nessa amargura
Porque a beleza extrema
Nunca houvera de morrer
E tudo que me estrago a mim
Não magoa
Que eu nunca contei muito
Para o belo que me deste
Sempre vou ser isto
Mais coisa menos coisa
Cada vez mais velho e mais agreste
Mas tu
Tu tinhas direito à eternidade
O teu rosto o teu corpo as tuas mãos
Moram para mim ainda e sempre
Na ideia em que te guardo
Há qualquer coisa de injusto em tudo isto
Porque os meus olhos são da mesma idade.
(Pedro Barroso)
11 comentários:
Lindo texto de Pedro Barroso
Estou em acordo com ela
Não deviamos envelhecer
beijinhos
Um texto magnífico. Uma voz forte, doce, quente.
Muito bom.
Abraço
Envelhecer apenas por fora e muito lentamente.
Por dentro...sempre jovens claro.
Abracinho
o pedro barroso, já não vejo há buéeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee
(ao vivo)
os meus olhos também têm a mesma idade e as rugas vão-se achegando...
é bom, faz parte de ser avó!
beijinhos
Que lindo poema! Expressivamente forte e triste e apaixonado...
Abraços!
Muito bom. Um grande poema, e uma voz maravilhosa.
Um abraço
Só para deixar um Olá... com Essências.
A voz deste homem a dizer poesia é ainda mais bonita do que a cantar.
O poema... é dele, logo, é bonito.
Beijos
O envelhecer nao tem de estar só no nosso aspecto exterior, o que aparentamos, ao envelhecer é um refelexo daquilo que sofremos na vida, sao as marcas que se nos acumulam,das dores, das largas horas de sofrimento.........
No meu ver, é importante que o nosso interior mantenha a juventude apesar da idade, eu falo com conhecimento de causa, tenho uma avó que invejo pela sua avançada idade e ainda assim a força de viver que continua a ter, nao para nunca......
Adorava ter metade dessa força, tudo o resto, é inevitavel, as rugas sao sem duvida o nosso maior pessadelo.
Um abraço!!!
Rugas são histórias de Vida! Deixei-te um prémio, amiga...Beijo...
Un texto fabuloso aunque triste.
Me encantó!
Te dejo un beso grandote-
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